Tenho conversado com inúmeros empreendedores de diversos segmentos e assistido a lives de tantos outros e um ponto em comum é que a maior parte dos negócios terão que recomeçar do ponto zero.
Podem ser negócios que estão há anos no mercado, mas seu histórico de vendas, as estratégias utilizadas, o modelo de negócio a partir desse momento pouco ou em nada servirá como referência.
Antes, olhávamos o histórico de vendas e sazonalidade e conseguíamos estabelecer estratégias de crescimento e agora, se o comportamento do consumidor mudou, se o dinheiro encurtou, se a forma de trabalho é outra, como fazer?
Você se lembra quando montou seu negócio? É basicamente da mesma forma. Você não tinha certeza de que faria vendas, para quem faria, como seria. Mesmo tendo feito inúmeras pesquisas de mercado, só o dia a dia te mostraria a realidade. E assim será nesse novo momento.
Há algo que as empresas que já existiam têm e assim não se começa exatamente do zero, mas talvez do 1 ou do 2: seus clientes.
Se você sempre cuidou dos seus clientes, mesmo que vários comportamentos tenham mudado, eles se lembrarão de você e assim, é buscar trabalhar com eles para entender e atender as novas necessidades que eles trarão. Agora se você dava pouco valor a eles, provavelmente, eles migraram para seu concorrente.
Se você acredita que quando tudo reabrir (o que deve demorar), as coisas voltarão a ser como eram antes, é melhor “cair na real” e entender que não serão.
Darei alguns exemplos:
- Profissionais de saúde – os consultórios não poderão ser lotados como eram antigamente, deverá haver um espaçamento maior entre um atendimento e outro. A higienização do ambiente demorará mais. Dessa forma, se antes você conseguia atender um cliente a cada meia hora, talvez só consiga atender a cada uma hora. O que isso quer dizer? Menos clientes por dia e consequentemente, menos receita.
- Academias – elas podiam ter todos os aparelhos ocupados e isso quer dizer, muitos alunos. Com o espaçamento entre as pessoas, haverá uma menor ocupação do espaço e isso significa menor número de alunos por hora. Além disso, muitos iam nos horários que quisessem e agora precisam se planejar para marcar os horários, será que farão? Além disso, quantos alunos voltarão às aulas presenciais? Quantos se acostumaram com as aulas online e não retornarão? Isso exigirá uma criatividade enorme dos empresários desse tipo de negócio para se tornarem atrativos. Porém, podem trazer novos alunos, aqueles que antes não faziam atividade física por causa do tempo gasto em locomoção e agora estão em home office. É pensar… pensar… pensar…
- Área de alimentação – muitos se adaptaram ao delivery, porém ao abrirem ao público não poderão ter ocupação máxima, isso fará com que as receitas caiam consideravelmente. Alguns já repensaram suas estratégias e fecharão o salão e apenas manterão o delivery. Vários concorrentes “caseiros” apareceram e assim os clientes podem ter migrado também para eles. Dessa forma, é pensar como aumentar o ticket médio dos clientes sem aumentar o preço dos produtos?
Esses são apenas alguns exemplos, porém todos nós precisamos repensar nosso negócio, mesmo aqueles que estão faturando muito mais na pandemia. Será que os consumidores continuarão consumindo seu produto ou serviço quando a situação acalmar? Se diminuírem o consumo, qual estratégia que terá que adotar?
Não conseguiremos fazer um planejamento a longo prazo, mas precisamos delinear estratégias para curto prazo e sermos rápidos para viabilizarmos novas ações. Tudo será uma grande experimentação, aprendizado com os erros e agilidade para iniciar outro caminho.
Quem não tiver a predisposição de correr riscos calculados nesse mundo de incertezas sofrerá muito para se manter nessa jornada empreendedora.